zondag 23 september 2007
Overval
LADROES ROUBAM EMPRESARIO E MATAM PM
Door Larissa Lima
O domingo terminava com um jantar à luz de velas no Restaurante Cantarel, na Serra da Tiririca, em Itaipuaçu. O cardápio foi oferecido pelo holandês B., de 31 anos, dono do estabelecimento, para o cabo da Polícia Militar Marcus Vinicius Domingos Costa Lima, de 35 anos, e sua namorada Márcia, que estavam acompanhados de uma mulher, identificada como Renata, quando um grupo de homens armados invadiu o local para seqüestrar o comerciante. B. foi agredido, algemado e levado até a sua casa, no mesmo bairro, que foi saqueada por dois bandidos. No restaurante, outros criminosos faziam dois funcionários do local e os três clientes de reféns, até revistarem as vítimas e encontrarem um documento que identificava Lima como policial. O PM também foi levado e, depois, encontrado morto, carbonizado, no porta-malas do carro de sua namorada, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, no Cafubá.
"Nós estávamos fechando, já havíamos servido o jantar para o casal e uma amiga deles, que estavam hospedados na Pousada The Flying Dutchman, localizada no mesmo terreno do bar, quando dois homens entraram e me pediram uma pizza. Eu disse que não havia mais lenha, então pediram refrigerantes. Quando eu fui pegar, eles me deram uma coronhada, e eu caí", relatou o holandês.
Segundo o comerciante, os homens se identificaram como policiais federais e disseram que o matariam caso não entregasse todo o dinheiro que tinha em sua residência. B. teria negado possuir grande quantia em dinheiro em casa, mas a dupla o algemou, colocou num carro e seguiu para o endereço do holandês.
"Eles me colocaram no carro por volta de meia-noite. Acredito que já me conheciam, sabiam o que queriam e qual seria o melhor momento para me abordar. Eu guiei os homens até a minha residência, e lá decidiram levar tudo o que conseguiriam", contou B.
Os homens chegaram na casa da vítima por volta de 1h. Eles trancaram o estrangeiro no banheiro depois de ter conseguido R$1 mil em dinheiro. Levaram ainda um computador portátil e aparelhos de TV, microondas, DVD, CDs e até garrafas de uísque.
"Mesmo me ameaçando de morte, eu pedi para não levarem a memória do meu computador, e eles a deixaram", disse na delegacia.
Outros dois homens fizeram como reféns o policial e sua namorada, a amiga deles e dois funcionários do restaurante. Eles foram revistados, e com Lima, os bandidos encontraram um documento que o identificava como policial militar.
Os homens - que estavam em contato com a outra dupla através de um celular - seqüestraram o cabo, que era lotado no 12º BPM (Niterói), também sob ameaças de morte, e fugiram do local no carro da namorada do PM, um Chevrolet Prisma. Márcia teria acionado a PM, que só encontrou o corpo por volta das 5h, a menos de 500 metros do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) do Cafubá. O corpo foi encontrado no porta-malas do veículo, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, carbonizado.
O holandês está com um corte na cabeça. Assustado com o crime, ainda não sabe o que irá fazer nos próximos dias.
O assalto à residência, o seqüestro e a invasão do estabelecimento foram registrados na 82ªDP(Maricá). Já o homicídio do policial foi registrado na 81ªDP (Itaipu).
A associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar está oferecendo R$ 2 mil para quem der informações sobre os assassinos do policial.
Sepultado com honras militares
Sob a chuva fina que caía na tarde de ontem, e cercadas de muito silêncio e medo, quase cem pessoas, entre familiares e colegas de farda, acompanharam o enterro do corpo do cabo Marcus Vinicius Domingos Costa Lima, no Cemitério do Maruí, no Barreto, Zona Norte de Niterói. Com honras militares, precedido de toque de silêncio e coberto pela Bandeira do Brasil, o corpo foi velado na capela A, em rápida cerimônia. Familiares não permitiram a presença da imprensa na capela. Entre as coroas de flores enviada aos familiares do cabo, uma delas estava em nome da prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset (PDT).
Colegas de farda e amigos do cabo Lima fizeram questão de prestar as últimas homenagens a ele. Muitos deles não escondiam a emoção e chegavam às lagrimas tão logo deixavam a capela. A mãe do policial estava inconsolável e cercada de familiares. Não entendia por que o filho foi assassinado de forma violenta. "Meu filho só cumpria ordens e nada mais" afirmou a mãe do PM, durante o sepultamento.
O atestado de óbito, assinado pelo médio legista Jacintho Boerchart Serdio, expedido pelo cartório da 5ª Zona Judiciária de Itaipu, Região Oceânica de Niterói, apontou como causa morte: ferida penetrante do crânio, com laceração e hemorragia do encéfalo e meninges, produzida por disparo de arma de fogo. (Claudio Emanuel)
Ladrões roubam empresário e matam PM
Absolvido em dois processos
O cabo da PM Marcus Vinicius Domingos Costa Lima, já havia sido condenado a 12 anos de prisão pela morte do inspetor da Polícia Civil Fábio Ferreira Santana, em 2000. O julgamento foi realizado na 3ª Vara Criminal de Niterói. Mas o advogado do policial recorreu e conseguiu que ele aguardasse o julgamento do recurso em liberdade. O Ministério Público está avaliando o caso.
O nome de Marcus Vinicius também foi citado na relação de 12 policiais do 12° BPM (Niterói) acusados de supostas ligações com o grupo de Anderson Oliveira de Santana, o "Anderson Negão", que na época era, segundo a polícia, suspeito de comandar a venda de drogas da Favela Vila Ipiranga, no Fonseca. Foram feitas investigações conjuntas por policiais da 78ª DP (Fonseca) e pelo comando do 12º BPM (Niterói), onde serviam os acusados.
A Auditoria de Justiça Militar absolveu os acusados e todos foram colocados em liberdade. O Ministério Público, no entanto, recorreu e eles acabaram condenados a 12 anos de prisão. Os advogados também recorrreram e os réus estão em liberdade, aguardando a decisão de instância superior, em Brasília.
Esse processo foi desmembrado e a outra parte foi para a Justiça comum, mas ainda não há data para o julgamento. Lima era conhecido também entre os colegas de trabalho como "Marcão". (Sérgio Soares)
O Fluminense
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